Já vi gestor ir aos veículos de comunicação para tentar uma reaproximação com o povo
em momentos difíceis de sua administração, mas confesso que nunca tinha visto
um prefeito pedir socorro à polícia. Isso aconteceu na Princesa do Cariri. Na
travessia de seu deserto político-administrativo, o prefeito do Crato, Ronaldo
Gomes de Mattos, apelou e não foi pouco.
Depois de tomar conhecimento de denúncias de medicamentos vencidos em um
posto de saúde da zona rural do município em que administra, o prefeito fez
algo inusitado ao desembarcar no aeroporto de Juazeiro do Norte. Em vez de ir
para casa descansar após um dia de trabalho e contatos na capital do estado,
foi direto à Delegacia da Polícia Federal fazer um pedido de socorro porque não
aguenta o que ele considera perseguição injusta. Só não disse de quem, mas que
está enfrentando algo desleal.
A atitude de Ronaldo é um exemplo clássico de quem perdeu o trem da história,
o comando do barco. No campo administrativo, inúmeras são as queixas da
população e neste espaço já tivemos a oportunidade de falar das constantes
mudanças de secretários. Algo em torno de trinta e três. Falamos que o entra e
sai era por demais prejudicial à população cratense. O lado político também se
revela como catastrófico com a debandada de quatro dos catorze vereadores que
compunham a sua base na Câmara.
O que vem por aí é uma incógnita para o prefeito que precisa
urgentemente baixar a guarda e reabrir o canal de diálogo com a câmara
municipal, sob pena de enfrentar o ano mais complicado de sua conturbada
administração. Se foi à polícia, é porque não sente mais o apoio da população,
pois quem está de bem com o povo não toma uma atitude drástica como esta. O mais
lamentável, porém, é que a fragilidade administrativa do Crato trará enormes prejuízos
para a população.